Desde os primórdios da humanidade, a educação das crianças era de responsabilidade da família. Acompanhamos ao longo da história a valorização da criança e a necessidade da criação de um espaço que atendesse as necessidades da sua formação cultural, cognitiva e emocional. Desde então, a escola tem participado, cada vez mais, nesse processo, e compartilhado com as famílias esse tarefa.

   A escola é o primeiro lugar de convívio social fora do ambiente familiar e recebe crianças fruto de uma grande diversidade de modos de pensar, regras e valores, que fazem desse espaço um lugar único para o reconhecimento da diversidade em todas as suas formas.

   Que bom que isso acontece! A dimensão grupal é básica para o desenvolvimento completo do ser humano; por isso, um dos principais objetivos da educação é a formação de indivíduos aptos a conviver em sociedade. Educar nossas crianças é estimular nelas a capacidade de respeitar os objetos e as pessoas, além de ajudá-las a perceber o quanto essa atitude é benéfica para todos.

   O princípio básico da educação, de buscar o equilíbrio entre disciplina e amor, aplica-se em todas as situações do contexto escolar. São inúmeras as oportunidades em que as crianças são escutadas, atendidas e contempladas, pois tudo o que é proposto na escola é pensado para fazê-las felizes. Por outro lado, elas precisam entender que os “nãos” são absolutamente necessários e têm algum motivo importante.

   Um “não” ensina sobre limites e autocontrole, e faz com que os alunos entendam que regra é para ser seguida, como se fosse parte de um contrato, no qual todas as partes se beneficiam. Ao estipular normas de disciplina claras, estamos preparando-os para encontrar seu lugar no grupo, na sociedade e no mundo.

   Especialista em questões relacionadas à família e à escola, a psicóloga paulistana Rosely Sayão acredita que as crianças estão sendo educadas sob o peso da superproteção, o que as desconecta da realidade. O excesso de zelo também dificulta o desenvolvimento da resiliência, a capacidade de resistir às frustrações e adia a conquista da maturidade.

   “A gente não tem ensinado para os filhos que tudo tem um processo com começo, meio e fim. Por exemplo, ir a um aniversário. Tem o antes, que é pensar na pessoa, pensar no presente, sair para comprar o presente, pedir para os pais se pode ir, perguntar se os pais podem levar e buscar. Depois tem a festa, o desfrute, e depois da festa tem de ver quem vai buscar. Tudo fica com os pais e, para os filhos, é só ir à festa. Tomar banho é a mesma coisa: é só entrar debaixo do chuveiro. Não tem a organização da roupa e do banheiro, enxugar o banheiro. Nada disso, para os filhos, faz parte desse processo. Isso tudo é superproteção”, salienta a especialista.

   E quando as regras não são respeitadas? Da mesma forma com que recebemos uma multa quando cometemos uma infração de trânsito, precisamos ensinar as crianças a assumir a autoria dos seus atos. É indispensável que percebam que uma atitude positiva terá uma consequência positiva, ao passo que uma atitude negativa acarretará uma negativa.

   Educar dá trabalho e exige muita dedicação e empenho dos educadores, que, através de ações, intervenções e diálogo, mostram o que é bom e aceitável para o convívio em harmonia. Os alunos precisam participar ativamente desse processo para aprender a se responsabilizar pelo que fazem.

   Eles precisam ser ajudados a sentir, com amor e segurança, que estão no caminho certo…

 

Roxanna Nyczka Debeuz

Coordenadora Pedagógica do Ensino Fundamental

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