Entre as nações modernas, onde a escrita tem procedência sobre a oralidade, onde o livro constitui o principal veículo da herança cultural, durante muito tempo julgou-se que povos sem escrita eram povos sem cultura. Felizmente, esse conceito começou a mudar após a segunda guerra mundial, graças ao notável trabalho realizado por alguns dos grandes etnólogos do mundo. Ainda bem, já que no Brasil existem tantas comunidades que pensam o mundo, transmitem conhecimentos e se expressam segundo a lógica própria da oralidade.

      As crianças, por exemplo, aprendem sobre a cultura que não conhecem conversando e pensando sobre ela. Conhecer os hábitos, costumes e valores de vários povos ajuda as crianças a diferenciar e reconhecer marcas de sua própria cultura e a se familiarizar com o diferente, a conviver com a diversidade, aceitando-a como parte da vida. Essa aprendizagem se generaliza, constituindo-se como uma regra moral que organiza suas relações interpessoais e rege sua vida em sociedade e, nesse sentido, consideramos que a formação pessoal também está relacionada à formação social e cultural.

     Conhecer as diferenças entre os povos e suas culturas, respeitá-las e valorizá-las é fundamental na educação infantil. O modo como as diferenças são percebidas pela criança e pelo meio em que vivem têm um grande impacto na formação de sua personalidade e de sua auto-estima, já que sua identidade está em construção. Esse processo pressupõe a diferenciação: é na presença da diversidade que a criança se percebe como uma pessoa diferente do outro, e esse é um importante passo para a formação pessoal dos nossos alunos.

         As crianças na escola estudam sobre muitos assuntos e aprendem muito. É importante saber também sobre o Brasil, um Brasil a que poucas crianças têm acesso, de cultura diversa e de variedades. Quando falamos de Cultura Brasileira também falamos de História. Os contos de tradição oral são originários de diversas regiões do Brasil, que guardam diferenças nas narrativas e que são adaptados para as respectivas realidades sociais, artísticas e também linguísticas, ou seja, as histórias falam de um universo  maior. Um exemplo são as tantas histórias de princesas. O que é a história “A princesa do sono sem fim” e “A Bela Adormecida? São as mesmas? Parecem, mas são muito diferentes. O que tornam essas histórias tão diferentes são os episódios, os termos, as imagens, as expressões coloquiais que se identificam com um contexto cultural que lhes é próprio. Por isso achamos fundamental aqui na Builders trazer a Cultura Brasileira como portadora de conhecimentos do nosso país.

       Como educadores investimos para que conheçam e apreciem as diferentes produções artísticas e musicais e ouçam muitas histórias, originadas em diferentes regiões do país. As diferentes manifestações culturais são a base de todas as civilizações e seu reconhecimento ajuda a entender o caminhar da humanidade e o mundo em que vivemos. Conhecer é a melhor forma de esclarecer e informar sobre o diferente, para que não venha a ser motivo de estranhamento expresso na forma de chacotas, preconceitos ou discriminações.

       A realização do nosso trabalho com as crianças sobre a diversidade que compõe o povo brasileiro, as manifestações culturais deste país, possibilita que conheçam a história e a cultura dos vários povos que para cá vieram. Isso contribui para aumentar a visão de mundo do grupo. Há uma infinidade de perspectivas que podem ser escolhidas em função do perfil e dos interesses das crianças que compõem o grupo e, a partir disso, trabalhamos com  as danças, musicas, comidas e brincadeiras de diferentes regiões.

         É assim que acreditamos que deva ser o trabalho na Educação Infantil. Um contato maior com a cultura para informar sobre a própria cultura, contribuindo para a formação de crianças “letradas ao invés de crianças só alfabetizadas”.

Fernando Brandão

Professor de Cultura Brasileira

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