O cantinho do pensamento adianta?

Muitas pessoas me perguntam sobre os castigos, se é certo dar uma palmadinha de vez em quando, se o “cantinho do pensamento”, ou “cadeirinha do limite” resolvem. Enfim, o que fazer quando os filhos e alunos desobedecem.

Em primeiro lugar, creio que o mais importante seja dizer que não se deve bater nos filhos, aliás, não se deve bater em ninguém. Bater é covardia, é uma forma muito primitiva de resolver conflitos. Nós, humanos, dotados de capacidade de pensamento, temos que ter outras formas de solucionar impasses.

Quando um pai ou uma mãe batem numa criança, mesmo que ela desobedeça, estão mostrando que perderam o controle da situação, estão fracos.

Além disso, estão passando uma mensagem para ela, de que isso é permitido, estão autorizando a violência. Sim, porque pais são modelos, se os pais fazem, a criança também tem direito de fazer. Quando pais batem em filhos, estão sendo covardes… é uma mão grande batendo numa criança pequena.

E não resolve, só gera medo. Vocês acham bom que os filhos tenham medo dos pais?

E o “cantinho do pensamento?”, adianta?

Bom, qual é a finalidade de mandarem a criança “pensar” a cada ato errado que ela fizer? Quem garante que lá no cantinho ela está realmente pensando no assunto, que sabe por que está sendo punida? Muitas crianças relatam que gostam de ir para o cantinho, assim têm tempo para pensarem na vida… em tudo, menos na questão que as levou para lá.

Cantinhos do pensamento não adiantam, não resolvem. Podem até solucionar o conflito na hora, mas não educam, não geram aprendizado nenhum.

Vejam algumas dicas:

Crianças precisam conhecer as regras de antemão, seja da casa, ou da escola. Isso dá segurança, assim elas mesmas sabem quais são as expectativas em relação a elas.

As regras precisam ser claras e objetivas, criança não entende quando adultos falam demais.

Ao conhecê-las, também precisam saber quais serão as consequências em caso de descumprimento dessas regras.

Sabendo quais são as expectativas que temos em relação ao comportamento e as consequências em caso de não cumprimento, a criança compreende melhor sua responsabilidade, ou seja, que tem que fazer a sua parte no acordo.

Não é necessário criar um “cantinho do pensamento”, mas é sim cumprir o que foi combinado, pois isso será fundamental para que, numa próxima vez, a criança saiba que as consequências acontecem mesmo e que podem não ser boas para ela.

Pedir desculpas, de coração, também faz parte das responsabilidades das crianças. É necessário mostrar que algumas atitudes magoam, chateiam ou até dão raiva nas outras pessoas e que o pedido de desculpas, se não resolve, atenua, faz parte da boa educação e é regra de convivência social.

O cumprimento dos combinados é fundamental, pois quando os adultos ameaçam, ameaçam, mas nunca cumprem, as crianças logo captam essa dinâmica e, sabendo da impunidade, desobedecem, pois os adultos perdem credibilidade.

Vale ressaltar que, se seus filhos (ou alunos) andam desobedecendo demais, se vocês têm usado o cantinho como estratégia quase diária, certamente seus métodos não estão eficazes. Reavaliem seus sistemas, talvez seja a hora de ameaçar menos e ser mais firme nas decisões.

Lembrem-se: bater não é o caminho, castigar não é o caminho. Pode até não traumatizar, mas não é justo.

Conversem, dialoguem, combinem, deem responsabilidades, cobrem.

Ofereçam modelos de boa educação, de respeito, de diálogo.

Isso funciona!

Marieta Lefèvre
Coordenadora Pedagógica Educação Infantil
Pedagoga, psicóloga e Psicopedagoga Infantil