O bilinguismo sempre levantou dúvidas e diversos debates sobre seus benefícios e malefícios. Acreditava-se que crescer com duas línguas podia ser prejudicial à criança, trazendo-lhe mazelas linguísticas e algum outro comprometimento mental. Mas nos últimos 30 anos pesquisas têm mostrado que o aprendizado de línguas tem um impacto positivo na formação cerebral.
Muitos estudiosos defendem que o esforço mental que pessoas bilíngues fazem para usar diferentes línguas é responsável pelo fortalecimento das funções cognitivas e que pode até mesmo proteger o cérebro em idade mais avançada. No entanto, outros rebatem tal afirmação, dizendo que a ciência não é capaz de mostrar resultados eficazes.
Mas há um consenso entre eles de que há vantagens no bilinguismo para as funções cognitivas e também para funções culturais e sociais. Segundo Pasi Sahlberg, um dos protagonistas da política educativa que fez das escolas da Finlândia um exemplo internacional, “Quem aprende línguas estrangeiras, terá um cérebro preparado para aprender qualquer outra coisa”. Ele acredita que o sucesso de seu país está ligado à importância do aprendizado de outras línguas, já que essa é uma ferramenta de equidade, de oportunidade de acesso.
Baseada na minha experiência como educadora bilíngue por quase 20 anos, mãe de uma criança bilíngue e agora voluntária de uma ONG que vê no ensino de um idioma estrangeiro a possibilidade de equidade e empoderamento, a educação bilíngue pode ser considerada como vantagem para as crianças que aprendem uma segunda língua.
Vivo essa realidade diariamente e vejo o desenvolvimento e a aquisição da linguagem acontecerem de forma natural e contextualizada. Quando uma criança ingressa na escola bilíngue com dois anos, por exemplo, ela desenvolverá as duas línguas simultaneamente e usará o segundo idioma de forma espontânea. Conforme ela cresce, a necessidade do uso da língua deve se fazer presente, e o professor deve estimular e promover o discurso para que o aprendizado seja efetivo. Ao longo de sua vida escolar num ambiente bilíngue, ela será capaz de se expressar tanto oralmente como através da escrita usando a segunda língua. Portanto, o bilinguismo pode ser uma ferramenta importante no desenvolvimento infantil, auxiliando a formação de forma global e trazendo mais benefícios aos aprendizes de uma língua estrangeira.
Renata Salvador Domingues Leal
Professora
Fontes:
www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC3322418/
www.theatlantic.com/science/archive/2016/02/the-battle-over-bilingualism/462114/
www.wired.com/2016/02/being-bilingual-changes-the-architecture-of-your-brain/
www.theatlantic.com/education/archive/2016/08/the-new-bilingualism/494489/
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