Salas de aula flexíveis

Espaços flexíveis na escola: afinal, o que isso significa?

Iluminação, acústica, disposição dos móveis, cores, organização espacial … o que tudo isso tem a ver com educação? O super bem-sucedido sistema educacional da Finlândia, por exemplo, possui o mantra: “uma arquitetura melhor contribui para uma melhor experiência escolar”. Nos últimos anos, o termo classroom design tem ganhado força apoiado em pesquisas que mostram o impacto significativo que o espaço de aula exerce sobre o progresso acadêmico das crianças.

Um estudo de 2015, publicado no site Building and Environment, indicou que alguns elementos essenciais da arquitetura em sala de aula podem aumentar os resultados de aprendizado em até 16%. Fatores como a qualidade do ar e iluminação afetou positivamente a habilidade dos alunos de aprender. Outro levantamento aponta que as salas de aula são mais acolhedoras quando de 20% a 50% das paredes estão limpas e os espaços remanescentes, preenchidos com dicas de aprendizagem, cartazes e projetos.

Há poucas semanas, o Google for Education, plataforma educacional colaborativa, publicou o relatório global Future of the Classroom, que analisa tendências, baseadas em pesquisas, para a educação em sala de aula para as faixas do Ensino Fundamental ao Médio. No total, são apresentadas oito tendências, sendo uma delas os espaços colaborativos.

Abertura, flexibilidade e colaboração

De acordo com o material do Google, escolas que combinam espaços abertos e diferenciados com modelos mais convencionais são apontados como líderes para a inovação na aprendizagem.

O fato é que cada vez mais ganha força a ideia da sala de aula como o “terceiro professor”, atrás das famílias e dos educadores. E, por isso, as instituições de ensino concentram esforços em construir espaços educativos que encorajam a criatividade, colaboração e flexibilidade.

O formato tradicional de sala de aula, com os alunos em filas e o professor como figura central, isola as crianças e limita o seu aprendizado. Já os novos espaços flexíveis são projetados tendo a colaboração em mente. Mesas e cadeiras devem ser facilmente móveis para acomodar diferentes cenários de aprendizado para grupos de vários tamanhos. Ao oferecer opções de assentos (puffs, estações de trabalho individuais, almofadas, sofás), por exemplo, os educadores permitem que os alunos escolham onde sentar, dando a eles o poder de escolha e estabelecendo o sentido de comunidade ao ambiente de ensino. Os espaços flexíveis e colaborativos são responsáveis por aumentar em 30% o engajamento das crianças em sala de aula.

Espaços flexíveis: quebra de paradigmas

Um sentimento comum com a qual os educadores precisam lidar ao investirem em novos formatos para as salas de aula é o receio das famílias. A maioria pertence a gerações que vivenciaram outras experiências e interações. Logo, imaginar seus filhos sentados ou deitados em puffs durante o processo de aprendizado desperta dúvidas.

No aspecto físico, basta um exercício de memória: o quanto era confortável permanecer por mais de uma hora na mesma posição? De acordo com a professora Ana Luiza Azevedo, a concentração tem muito mais relação com o interesse na atividade do que com onde estamos sentados. “O trabalho em grupo é proveitoso para as crianças, que ampliam a sua capacidade de comunicação, discussão, reflexão, levantamento de hipóteses e interação, habilidades tão importantes hoje em dia”, explica.

Ela lembra que a maneira como nos relacionamos com o conhecimento mudou. “Nós, professores, precisamos admitir que não sabemos tudo e não temos todas as respostas. Nossos alunos aparecem com demandas que não tinham antes e, quando nos perguntamos de onde vem tudo isso, chegamos à conclusão que é o conhecimento. Temos um acesso à informação que não tínhamos antes. Qualquer dúvida é tirada em questão de segundos com uma pesquisa em um celular”, conclui.

Dessa forma, um modelo de educação em que o professor fica na frente da sala, anotando na lousa e os alunos copiando faz cada vez menos sentido. A inovação é entendida como a aplicação de melhores soluções que atendam aos novos requisitos. Uma vez que a educação tem novos requisitos, pois os alunos têm novos interesses e possibilidades, precisamos pensar em novos modelos que se refletem em espaços com mobilidade, flexíveis e colaborativos.

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Inovação é a cara da Builders

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Por que as histórias são tão importantes para as crianças?

A contação de histórias é um mecanismo muito importante para que tenhamos, desde cedo, contato com diversas linguagens e formas de narrar um acontecimento, e a infância é a fase ideal para despertar esse interesse.

As histórias infantis levam as crianças para um mundo imaginário e simbólico, com o qual fazem associações com suas próprias vivências. Esse processo de identificação permite que criem meios de lidar com suas dificuldades, sentimentos e emoções e estimula a memória, já que resgata as experiências de cada um.

Os benefícios de ingressar nesse universo rico e mágico não param por aí. Por meio da contação de histórias, as crianças ampliam a linguagem oral e desenvolvem competências linguísticas e o letramento, que é o uso competente da leitura e escrita nas práticas sociais.

Tudo começa com o livro

De acordo com as coordenadoras pedagógicas Marieta Lefèvre e Karina Yada, das escolas Builders Educação Bilíngue e Garatuja Educação Infantil, é fundamental para qualquer criança ouvir histórias. “Pelo livro, aprendemos a importância de ouvir, contar e recontar”, explica Marieta. “Aqui na Builders, apresentamos histórias quase que diariamente em projetos de Cultura Brasileira e em inglês, ampliando assim o vocabulário nos dois idiomas”, completa.

Builders e Garatuja mantêm uma biblioteca circulante: os alunos levam livros à escola e estes irão circular semanalmente nas casas dos colegas para serem lidos pelas famílias. Quando retornam, as professoras conduzem rodas para troca de informações e livros. “São momentos muito inspiradores, pois estimulam conversas e situações problema para os alunos pensarem coletivamente”, explica Karina Yada.

Além disso, as duas escolas, que seguem a mesma proposta pedagógica, implementaram o “Storytellers”, programa em que as famílias participam das aulas por meio da contação de histórias. “A experiência tem sido fantástica em todos os sentidos. Cada família traz uma vivência e dinâmica diferentes, como a leitura de um livro, uma história cantada, a encenação de um conto ou até mesmo projeções como recurso para a contação, sem falar na incrível atmosfera criada com a presença da família na escola”, finaliza Karina.

Histórias em família

Por sinal, os pais são grandes incentivadores na formação dos hábitos na criança, e com a leitura não é diferente. Quem ouve histórias desde bebês e mantém o hábito de ler com a família desenvolve o senso crítico e alimenta a curiosidade em relação ao que vê no seu dia a dia. A influência em casa passa tanto pelas imagens que as crianças formam ao perceberem o hábito de leitura dos pais, quanto pela ação deles de conversar com elas sobre os livros.

Não é preciso estabelecer um padrão na hora de escolher a história, mas é preciso levar em consideração, por exemplo, a idade da criança. Durante os dois primeiros anos de vida, a atenção dos pequenos é conquistada pelas figuras. À medida que crescem, é possível combinar ilustrações a enredos simples, permitindo a criação de uma narrativa, em qualquer gênero literário.

Outro recurso é a criação de histórias, trazendo a narrativa para o mundo particular em que a criança vive. Se a imaginação falhar na hora da contação, os pais podem começar a elaborar tramas sobre a própria infância. Já, quando é a criança que vai criar a história, objetos e bonecos podem ajudar.

E então, que tal buscar agora alguma referência de leitura ou contação de história para compartilhar em família?