Socioemocional na escola

Socioemocional nas escolas: agora é lei!

Até 2020, todas as escolas brasileiras deverão incluir em seus currículos as habilidades socioemocionais, seguindo as novas diretrizes da Base Nacional Comum Curricular (BNCC), documento oficial que orienta os currículos das escolas do Brasil (rede pública e privada).

Do ponto de vista educacional, as competências socioemocionais ajudam os alunos a lidar com os desafios e situações cotidianas. É um tipo de abordagem que promove o pensamento autônomo e suas potencialidades por meio do desenvolvimento do autoconhecimento, autocontrole e consciência social.

Resultados baseados em pesquisas

As habilidades socioemocionais ganharam reconhecimento nos últimos anos devido à percepção de que, quando os alunos aprendem a administrar as próprias emoções, é possível notar um impacto positivo na maneira como absorvem o conteúdo.

Recente estudo realizado pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) com 9.608 alunos, de 10 a 17 anos de idade, analisou os níveis de autocontrole, empatia, autoconhecimento e habilidades sociais após terem participado do programa Semente, realizado em diversas escolas brasileiras com o objetivo de desenvolver o socioemocional de crianças e adolescentes. Impactos positivos foram verificados em todos os domínios avaliados: em empatia cognitiva emocional, variou 2,3%; em autoconhecimento, aumentou 13,5%; autocontrole, 13,9%, e as habilidades sociais, 7,2%.

O ensino de habilidades socioemocionais impacta também o desempenho nos estudos. De acordo com pesquisa do departamento de psicologia da Universidade de Chicago (EUA) realizada com 270 mil alunos da pré-escola ao ensino médio e submetidos ao aprendizado de competências socioemocionais, houve melhora de 11% em suas notas.

O preparo dos professores

Segundo o psiquiatra chileno Claudio Naranjo, indicado ao prêmio Nobel da Paz em 2015, o aluno aprende mais facilmente qualquer conteúdo quando uma didática afetuosa é adotada. Para ele, o educador tem função de levar o aluno a descobrir, refletir, debater e constatar. “Na Fundación Claudio Naranjo, criamos um método para formação de educadores baseado em mais de 40 anos de pesquisa. O objetivo é preparar professores para que se aproximem dos alunos de forma mais afetiva e amorosa, para que sejam capazes de conduzir as crianças ao desenvolvimento do autoconhecimento, respeitando suas características pessoais”, explica em entrevista à revista Época.

Para a diretora pedagógica Ana Célia Campos, a educação socioemocional requer um preparo diferente do educador, até então acostumado ao modelo de ensino focado na transmissão de informações, tendo o professor como o grande pilar de conhecimento. “Ao iniciar o processo da educação através do amor, o educador se depara com a tarefa do autoconhecimento. Isso significa que precisa estar consciente de suas emoções (especialmente as negativas) e limitações. Ao se descobrir, passa a se aceitar, mas sem deixar de lado a busca pelo aprimoramento que irá guiá-lo por um caminho mais suave em que dedica-se aos seus alunos da mesma maneira que se dedica a si próprio.

Para mais informações sobre a aprendizagem socioemocional, confira entrevista com Ana Célia Campos.

Meditação

O que é mindfulness e o que ele tem a ver com as crianças?

O mindfulness é um estado que foca no momento presente a fim de perceber pensamentos, sensações corporais e emoções no momento em que ocorrem. Os programas de mindfulness têm aparecido como uma das ferramentas para o desenvolvimento de habilidades socioemocionais no ambiente escolar. A meditação e técnicas respiratórias são alguns dos recursos utilizados para ajudar crianças e jovens a aprimorarem a concentração e valores como empatia e compaixão.

Escola sustentável

Um olhar sustentável

17 objetivos a serem atingidos até 2030 em questões como educação, saúde e bem-estar, paz e consumo responsável. Os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável entraram de vez na pauta da Builders.

Vamos voltar um pouco no tempo. Mais precisamente para 2015. A Organização das Nações Unidas (ONU), seus Estados-membros, sociedade civil e parceiros se reuniam para definir uma agenda de desenvolvimento sustentável para os próximos 15 anos. Como referência, utilizaram os resultados obtidos com os Objetivos de Desenvolvimento do Milênio (ODM), estabelecidos quinze anos antes e que resultaram em avanços significativos no combate à pobreza global, evasão escolar e mortalidade infantil.  Nasciam assim os 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, os ODS, ou Agenda 2030.

As novas metas são amplas, interdependentes e abrangem questões de desenvolvimento social e econômico: erradicação da pobreza; fome zero; saúde e bem-estar; educação de qualidade; igualdade de gênero; água limpa e saneamento; energia limpa e acessível; emprego digno e crescimento econômico; indústria, inovação e infraestrutura; redução das desigualdades; cidades e comunidades sustentáveis; consumo e produção responsáveis; combate às alterações climáticas; vida debaixo d’água; vida sobre a terra; paz, justiça e instituições fortes e parcerias em prol de metas.

“Nenhum homem é uma ilha”

Como você utiliza a água em casa ou no trabalho? Ao escovar os dentes, deixa a torneira aberta? E a energia elétrica? Ao sair de um ambiente, deixa as luzes acesas ou apagadas? Você acabou de comer uma bala e está com a embalagem na mão. Nenhum cesto de lixo à vista. O que faz?

O quanto a separação de resíduos, coleta seletiva, compostagem e o consumo consciente estão sendo incorporados à sua rotina? Ou ainda, o quanto você colabora para que convivamos de maneira mais harmoniosa, respeitando opiniões e modos de viver diferentes?

Esses são exemplos de ações que integram o dia a dia de qualquer pessoa e que estão previstos nos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável. E a auto-análise nos leva a rever e mudar atitudes, que em menor ou maior escala impactam o mundo em que vivemos. Afinal, como escreveu o poeta inglês John Donne há mais de 300 anos, “nenhum homem é uma ilha, isolado em si mesmo; todos são parte do continente, uma parte do todo.”

É inquestionável que as escolas têm papel fundamental no processo de formação de cidadãos mais conscientes, que conhecem o impacto das suas ações nas comunidades onde estão inseridos e promovem mudanças coletivas. Então, como estruturar um modelo curricular que absorva os ODS, integrando-os de maneira natural às atividades dos alunos?

ODS na escola

Entender conceitos é o primeiro passo. O que são desenvolvimento sustentável e ODS? O site oficial da ONU no Brasil oferece materiais bem didáticos para todos os públicos. Na sequência, vem a formação da equipe pedagógica, que deve estar alinhada e ter o mesmo nível de entendimento e envolvimento para que a inclusão dos ODS no currículo escolar seja bem-sucedido.

“O nosso projeto de escola sempre esteve ligado ao desenvolvimento sustentável. Claro que passamos por diferentes etapas até chegarmos à maturidade que temos hoje”, explica Ana Célia Mustafá Campos, diretora pedagógica. Desde 2014, a escola possui uma engenheira e educadora ambiental que orienta todos nos projetos voltados à sustentabilidade. “Isso representou um passo gigantesco em nossa gestão, que passou a contar com metas e métricas mais bem definidas e detalhadas”, complementa Ana Célia.

De acordo com Marieta Lefèvre, coordenadora pedagógica da Educação Infantil, o processo de adaptação das atividades dos alunos aos temas de cada ODS foi simples, já que a ideologia da educação através do amor sempre contemplou ações que constam nas metas definidas pela ONU. “Quando conhecemos os ODS, começamos a elaborar projetos mais direcionados ou adicionar atividades às que já tínhamos, dando mais ênfase e foco em questões como compostagem, horta, jogos heurísticos”, explica.

Os ODS fazem parte do currículo da Builders. A cada novo período, coordenadores pedagógicos, professores e engenheira ambiental se reúnem para definir quais atividades serão aplicadas de acordo com cada objetivo de desenvolvimento, desafios encontrados na escola e interesse dos alunos. “Cada proposta tem uma finalidade específica, um resultado esperado. No contexto geral, o que buscamos é criar conscientização e formar multiplicadores. Ensinamos as crianças a adotar atitudes conscientes, empoderando-as, no sentido de que podem promover mudanças em suas comunidades”, esclarece Marieta.

Quer saber mais sobre os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável? Clique aqui.

Ensino bilíngue

Bilíngue, por quê?

Esta é uma pergunta comum de quem está em busca de uma escola para crianças. Apostar no ensino bilíngue ainda na educação infantil traz benefícios que vão além da fluência em um outro idioma.

Não há mais dúvidas. O aprendizado de línguas influencia positivamente a formação cerebral. Ele estimula a criatividade, o raciocínio lógico e o desempenho em atividades de memória e atenção. Por muitos anos, o bilinguismo era visto como uma condição que confundia as crianças e as impedia de aprender corretamente uma das línguas.

Na década de 60, os psicólogos Elizabeth Peal e Wallace Lambert, da Universidade McGill, no Canadá, realizaram estudos que provaram o contrário. Testes com crianças de 10 anos de idade de seis escolas francesas de Montreal mostraram que indivíduos bilíngues superaram os monoglotas em testes verbais e não-verbais. Os resultados dos estudos foram divulgados no artigo The relation of bilingualism to intelligence. De lá para cá, várias outras pesquisas atestaram que o bilinguismo favorece a melhora da concentração mental. E mais: crianças que aprendem uma segunda língua cedo têm uma sensibilidade comunicativa maior e conseguem resolver problemas e arquitetar soluções mais rápido.

Como a criança absorve um novo idioma?

A fase da primeira infância, que vai até os seis anos de idade, é marcada por intensos processos de desenvolvimento. Ao começar a alfabetização, as crianças já têm pleno domínio verbal sobre a língua. A comunicação é feita perfeitamente, mesmo que não saibam ler e escrever. Expô-las ao aprendizado de um novo idioma fará com que aprendam de maneira mais orgânica e natural que um jovem ou adulto. Ao longo da vida escolar, em um ambiente bilíngue, os alunos são capazes de se expressar tanto oralmente como pela escrita nos dois idiomas, criando uma “ponte” entre ambas que enriquece cada momento de aprendizagem.

Engana-se porém quem acredita que basta expor a criança a um novo idioma que ela naturalmente irá adquirir fluência. De acordo com a diretora pedagógica da Builders, Ana Célia Mustafá Campos, a aquisição do segundo idioma ocorre aos poucos. “A exposição ao inglês na Builders acontece em situações contextualizadas e significativas. A partir do momento em que ingressam na escola, os alunos gradativamente conseguem seguir instruções, ampliam o vocabulário, e se tornam cada vez mais capazes de se expressar no idioma”, complementa.

Uma escola pode ser qualificada como bilíngue quando oferece:

  • Educação Infantil: mínimo de 75% da carga horária diária em outro idioma, que não o Português.
  • Ensino Fundamental I: mínimo de 1/3 da carga horária diária em outro idioma, que não o Português.
  • Ensino Fundamental II e Ensino Médio: mínimo de 1/4 da carga horária diária em outro idioma, que não o Português.

Fonte: Organização das Escolas Bilíngues de São Paulo (OEBI)

Ainda tem dúvidas sobre o ensino bilíngue na infância, clique aqui e confira nossas respostas para as principais dúvidas das famílias.

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Por que falar em autoconhecimento?

É início de primavera. Uma manhã ensolarada desponta. As crianças acabam de chegar na escola e se reúnem na sala para mais um dia de aula. A professora pede que todos se sentem em uma posição confortável, com as costas eretas, fechem os olhos e estejam atentos ao ritmo da respiração. Está começando uma sessão de meditação, momento de pausa para equilibrar as emoções.

Ao ser incorporada à rotina de qualquer ser humano, independente da idade, a meditação melhora a concentração, memória e qualidade do sono, aguça a percepção dos sentimentos, aumenta a autoestima e o controle emocional, sem falar na agradável sensação de relaxamento. Para as crianças, os efeitos são ainda mais expressivos, pois o cérebro, por estar em formação, é mais receptivo a estímulos. Na prática, isso se reflete em maior socialização, com impactos positivos no relacionamento com pais e colegas, e redução de sentimentos como raiva e tristeza.

Ciranda de emoções

Pega-pega, corre cutia, amarelinha, dança da cadeira, estátua, morto vivo. O que essas brincadeiras têm em comum? Alguém poderia dizer que colocam as crianças para correr. Outro, que ninguém mais lembra delas, pois fazem parte de um repertório infantil que não existe mais. Para a Academia Americana de Pediatria, elas são o remédio para o desenvolvimento mental e social, pois estimulam a linguagem, o relacionamento e a capacidade de resolução de problemas.

Um exemplo? Que tal brincar de faz de conta? A imaginação é estimulada, personagens são criados, sejam nas suas concepções psicológicas ou físicas. Ao criar histórias e enredos, as crianças exercitam sua capacidade de planejamento e resolução de problemas.

E os jogos eletrônicos, onde ficam? Os coletivos estimulam a inteligência emocional e ensinam lições, como aprender a ganhar e perder. Mas é muito comum vermos crianças e adolescentes (e adultos) isolados, com os rostos fixos em seus tablets ou smartphones, tendo como única interação a tela do aparelho, o que pode impactar a maneira como se relacionam e enxergam as adversidades da vida. É nesse sentido que as brincadeiras livres se diferenciam ao promover a conexão entre as crianças e ao estimular uma região do cérebro ligado à sensação de bem-estar e prazer, o que é um valioso antídoto anti-estresse. “Nosso cotidiano está bombardeado de informações e estímulos momentâneos, sendo a maioria no campo digital. Imagine ser uma criança ou adolescente nesse contexto”, pondera Ana Célia Mustafá Campos, diretora pedagógica. “O equilíbrio é a chave. Como pais e mães, devemos estimular em nossos filhos a conectividade como um recurso importante, mas sem deixar de lado a mágica das brincadeiras, de pular, correr, estar em contato com a natureza e com amigos. Isso é essencial para a formação dos valores e visão de vida das crianças”, conclui.

De frente para o problema

A hora do almoço está quase no fim. Em uma das mesas do refeitório, uma aluna conversa com o último pedaço da maçã que resta. Para justificar a demora em se alimentar, ela diz “Os adultos sempre brincam antes de comer.” E como ela sabe disso? “Eu sei de tudo. Eu sei tudo sobre minha mãe, mas ela não sabe tudo sobre mim.”

Essa frase pode ter diferentes interpretações. Mas um fato é que nós, adultos, muitas vezes menosprezamos a capacidade de compreensão das crianças e evitamos falar sobre os sentimentos, quando deveríamos fazer justamente o oposto.

“Ensinar que cada emoção pode ser transformada em uma palavra é a chave que deve orientar uma criança, primeiro para compreender a si mesma e depois para entender o mundo”, explica Cristina Zanetti, orientadora educacional. “Crianças que apresentam problemas de comportamento geralmente têm dificuldades para lidar com as próprias emoções. Ajudar a identificar e nomear os sentimentos é algo que faz com que elas se sintam amparadas e cuidadas”, completa.

Saber o que fazer com cada emoção é um processo longo e adquirido por meio das vivências do dia a dia. A superproteção é um problema, pois não permite que a criança enfrente dificuldades, se decepcione e sofra as pequenas frustrações. Afinal, isso é a vida e precisamos do autoconhecimento para encará-la de frente!

O autoconhecimento para a vida

O que a meditação, o yoga, as brincadeiras livres e a boa conversa sobre sentimentos nos ensinam? Que ao estimular o olhar para dentro, os momentos de introspecção e paz, na mesma medida que adicionamos mais diversão e conexão com o outro na vida das crianças, permitimos que elas se enxerguem em suas fortalezas e fraquezas. Que aprendam com os altos e baixos com mais serenidade. Que vejam a si e aos outros com mais paciência e amor. Pensando bem, essas lições se aplicam aos adultos também, não é mesmo?

Educação com amor: o que é a aprendizagem socioemocional?

Em um bate-papo delicioso com Ana Célia Mustafá Campos, diretora pedagógica da Builders, falamos sobre o que é a Educação Através do Amor, ideologia que nasceu com a escola há mais de 20 anos. Confira a seguir esse bate-papo delicioso.

Como surgiu a ideologia da Educação Através do Amor?
Eu e minhas irmãs sempre tivemos o sonho de ter uma escola, e nossas experiências anteriores como educadoras nos mostraram que o elemento socioemocional é fundamental para o desenvolvimento das crianças no ambiente escolar. Também sempre buscamos trabalhar com o que há de mais inovador na área. Alguns anos antes de abrirmos a Builders, vimos o quão impactante foi a implementação do conceito de aprendizagem socioemocional na rede escolar norte-americana, por volta de 1994. Logo, o nosso projeto de escola sempre esteve ligado à proposta da Educação Através do Amor, que significa garantir que o processo de ensino e aprendizagem seja permeado de carinho, atenção e disponibilidade para ouvir o aluno.

Em quais fundamentos ela se baseia?
O principal é o autoconhecimento. Ele auxiliará em todos os aspectos da vida de qualquer ser humano: nas tomadas de decisões, na maneira de conduzir os relacionamentos, no autocuidado ou no contato com o ambiente onde está inserido.

Como preparar o educador para a Educação Através do Amor?
Ao iniciar esse processo, o educador se depara com a tarefa do autoconhecimento, que mencionei anteriormente. Isso significa que precisa estar consciente de suas emoções (especialmente as negativas) e limitações. Ao se descobrir, passa a se aceitar, mas sem deixar de lado a busca pelo aprimoramento que irá guiá-lo por um caminho mais suave. Quando o educador abraça a Educação Através do Amor, dedica-se aos seus alunos da mesma maneira que se dedica a si próprio.

Como funciona na prática?
Estimulamos todos os colaboradores a manter uma alimentação equilibrada, se exercitar, cuidar da saúde e do espaço que utilizam e estar em contato com a natureza. Eles têm à disposição os programas de bem-estar, com aulas gratuitas de inglês, português, yoga e fitness, e de educação socioemocional com nossa Orientadora Educacional. Os espaços físicos da escola, como o solarium, são projetados para que possam desfrutar momentos de relaxamento. Para nós, os conceitos de Educação Através do Amor e sustentabilidade se complementam inteiramente; isso se não puderem ser considerados sinônimos. A partir disso, os colaboradores desenvolvem um olhar mais empático e cuidadoso com o colega de trabalho, os alunos e suas famílias, amigos, parceiros.

Isso significa então que a sustentabilidade vai além do cuidado com a natureza?
Sim. O conceito é muito mais amplo. Para nós, é o equilíbrio entre os seres, suas relações e o meio em que vivem. O mesmo cuidado que tenho com um outro ser humano é o que terei no contato com a natureza e vice-versa. É isso que permite que formemos cidadãos conscientes, justos e que não vejam valor apenas naquilo que traz benefício individual, mas no que beneficia a todos.

Da esquerda para a direita: Ana Lúcia, Ana Paula e Ana Célia, diretoras fundadoras da Builders

E como aplicar a ideologia no ensino das crianças?
Em termos de programas oferecidos, temos praticamente os mesmos que mencionei para os colaboradores. Além disso, os alunos têm cinco minutos de meditação antes de cada aula. A Orientadora Educacional desenvolve várias atividades, de acordo com a faixa etária da criança, com o objetivo de despertar o autoconhecimento, a abertura para discutir sentimentos e o olhar empático e respeitoso com as outras pessoas. Ela também está sempre disponível para uma conversa individual com os alunos. Nossos professores exercem o papel de mediadores, ou seja, eles não são donos da razão, eles entendem e promovem a troca de conhecimentos. Afinal, aprendemos muito com as crianças. Esse posicionamento faz com que o aluno não tenha medo de falar, de expor suas ideias, pois sabe que é capaz e não será julgado.

E isso também tem a ver com a educação do século XXI, não?
Sem dúvida. É muito interessante ver que o que aplicamos há 20 anos é visto como tendência hoje. Acredito que o advento de novas tecnologias, que ampliaram o papel da comunicação, e o uso de smartphones e redes sociais contribuíram nesse processo de repensar a educação. A forma como crianças e adultos buscam informações mudou completamente. É por isso que hoje se fala tanto do aluno e escola do século XXI. Basicamente, isso quer dizer que as instituições de ensino devem prover ambientes educacionais que favoreçam a troca e pesquisa. Fisicamente, falamos de sair do formato tradicional da sala de aula com carteiras, um quadro negro e o professor lá na frente, como detentor único do conhecimento. O que vale são os espaços flexíveis, multiuso, que permitam a interação dos alunos com o professor e colegas. E, mais uma vez, o professor vira mediador.

Fisicamente, como a Builders se preparou para essa mudança?
Sempre enxergamos a educação como troca de conhecimentos para que as pessoas vivam e se desenvolvam de forma mais harmoniosa, e os nossos espaços foram projetados para esse fim. Sobre os espaços inovadores, sempre investimos na renovação das nossas instalações e há alguns anos estamos transformando os espaços, acompanhando as mais modernas tendências em educação. Já possuíamos algumas salas inovadoras, que permitem o uso flexível e para fins variados, e outras foram inauguradas este ano com a entrega do novo prédio. Mas as aulas não ficam restritas a esses locais. Nossos educadores têm à disposição ambientes como o terraço, solarium, horta, biblioteca, sala de artes, quadra e parques cobertos e descobertos, por exemplo, para conduzir suas atividades.

Por fim, como você vê a nova Base Nacional Comum Curricular (BNCC)?
Temos grandes evoluções. O projeto foi aprovado em 2017, e as escolas estão discutindo como implementar as novas resoluções até 2020, que é o prazo oficial. O maior ganho foi inserir o ensino socioemocional no currículo. O maior desafio está em preparar o corpo docente para essa nova realidade. Falamos de profissionais habituados a exercer um formato de ensino que está mudando. São pessoas muito competentes, mas que precisam de suporte e treinamento para exercer plenamente o novo papel que lhes será exigido. Particularmente para a Builders, essa transição é tranquila, pois a educação socioemocional e a ideologia da Educação Através do Amor são a mesma coisa. Ou seja, ela já está em nosso DNA. É só uma comprovação de que sempre estivemos no caminho certo.

Photo by Miller School of Albemarle

Relato de um jovem bilíngue

Nasci em uma família bilíngue. Minha mãe, uma apaixonada pela língua inglesa, nunca utilizou um único idioma como o principal em casa. Minhas lembranças de infância, ainda como um bebê, remetem aos (quase) diálogos que eu tinha com ela em línguas diferentes. Meu nome é Lucas Mariutti, e esta é uma tentativa de resumir minha vida como um menino bilíngue.

A palavra sorte define a situação em que nasci. A Builders não era a minha única escola: quando eu voltava para casa, continuava imerso na língua e cultura inglesa. Tudo o que fazíamos em português era reproduzido em inglês. A conversa diária, a música no carro, os filmes, a brincadeira de carrinho… a gente fazia tudo junto e misturando os dois idiomas.

Hoje vejo muitos pais se preocuparem com a imersão de seus filhos no inglês, com medo de que não aprendam o português ou que fiquem com um sotaque “gringo”. Para você que faz esses questionamentos, aqui vão algumas dicas de alguém que viveu intensamente em um ambiente bilíngue:

1) Moramos no Brasil, um país onde a única língua falada é o português. Logo, esse será o idioma mais familiar para a criança, que terá naturalidade para falá-lo. Tome meu caso como exemplo: sempre fui bilíngue, mas não nativo. Logo, nunca “soei” como um “gringo” pelo fato de morar no Brasil.

2) O período de prática do inglês de um aluno da Builders geralmente acontece só na Builders. Poucos são sortudos o suficiente para falar outras línguas, além do português, em ambientes fora da escola.


3) A Builders não é uma escola internacional. O seu filho vai aprender português do mesmo jeito que o inglês. E, mesmo que fosse escola internacional, a probabilidade dele não saber falar português crescendo no Brasil é zero.

De malas para o mundo


Aos 14 anos mudei de país. Fui fazer o High School nos Estados Unidos, onde estou até hoje.

Cansei de responder perguntas de familiares e amigos como “você se adaptou bem?”, “e o inglês?”. O fato é que não houve adaptação. Em menos de um mês consegui assimilar meu sotaque com o de um americano. Meus amigos da escola ficavam surpresos quando descobriam que eu era brasileiro. Diziam: “mas você não tem sotaque de gringo!” Sorte? Acho que não.

Outro exemplo é o meu irmão, Thomas. Foi morar fora sozinho antes do que eu. Sua história é parecida com a minha; aliás, a minha é parecida com a dele. A língua nunca foi uma barreira para nós. Não há uma preferência, o nosso nível de conhecimento é igual para ambas, graças à escola bilíngue desde pequenos. (confira o artigo Educação bilíngue: onde e quando começar).

Sou extremamente grato a minha família por me incentivar a estudar um segundo idioma e à equipe da Builders por ter moldado quem eu sou hoje. Sem eles, eu não teria conseguido nem metade do que já fiz em 17 anos. Morar por conta própria no exterior seria inimaginável se eu não falasse o inglês.

Lucas Mariutti é ex-aluno da Builders. Mora atualmente nos Estados Unidos, onde cursa o High School.

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Educação bilíngue: quando e onde começar

Ao começar o processo de alfabetização, as crianças já têm pleno domínio verbal sobre a língua. A comunicação é feita perfeitamente, mesmo a criança não sabendo ler e escrever. Quando o aluno estuda em um colégio bilíngue, desde muito cedo é estabelecida a comunicação no segundo idioma e, naturalmente, ele vai aprendendo e fazendo as distinções necessárias para o entendimento do português e da nova língua.