por Dra. Ivani Mancini
Na verdade, decidir se uma criança doente deve ir à escola seria muito fácil. Se
ficou doente, não vai. Simples assim. Porém, se a cada coriza ou tosse, a
criança for ficar em casa, com certeza ela permanecerá mais afastada do que
na escola (e as salas de aula vazias). Afinal, com o enorme número de vírus
que existem, a chance de se infectar por um deles é bem grande. Sem
mencionar que manter a criança em casa implica em pais faltando ao trabalho,
mobilização de pessoas para cuidar dessa criança e perda do conteúdo escolar
e atividades que podem ser importantes no aprendizado.
Então, em que situações seria melhor manter a criança afastada da escola,
quando ela está doente?
Logicamente, se a criança está prostrada, com aspecto de quem não está bem,
situação na qual seria difícil imaginá-la sozinha no meio de outras crianças, é
fácil decidir. Porém, como numa boa parte das infecções por vírus, a criança
não parece tão mal e fica difícil decidir se vai ou não vai para a escola.
Seguem três situações em que é recomendável manter a criança em casa:
1 – Febre. Considera-se febre qualquer temperatura acima de 37,8°C (alguns
já consideram acima de 37,5°C) e crianças com febre não devem ir à escola.
Se existe febre, existe uma infecção. E uma criança com infecção não deve ir à
escola porque, mesmo sendo medicada e baixando a febre, ela está
transmitindo a sua doença para as outras crianças. Além disto, durante o
período em que ela estará na escola, poderá haver piora dos sintomas e, o
melhor, será observá-la por um tempo.
O correto se sua criança tem febre é só mandá-la para a escola quando ela
estiver 24 horas sem febre, não necessitando mais de antitémico.
2 – Vômitos ou Diarreia. Parece lógico que uma criança com vômitos ou
diarreia não deva ir à escola. Mas, podem acreditar. Há pessoas que mandam
a criança que está nessa situação para a escola mesmo assim, principalmente
se só há diarreia e não há vômito (quando há vômito, fica mais difícil tirar a
criança de casa).
As viroses intestinais são extremamente contagiosas, principalmente nas
primeiras 24 horas de doença. Portanto, nesse caso, também valeria a regra de
aguardar pelo menos um dia para mandar a criança de volta para a escola.
Porém, se a diarreia for muito intensa, com muitas evacuações durante o dia,
convém entrar em contato com seu pediatra, pois há alguns vírus que podem
levar mais tempo sendo eliminados pelas fezes, o que poderia ainda causar
infecção em outras crianças. Imagine sua criança causando uma epidemia de
diarreia dentro da escola? Tenho certeza de que você não gostaria de ser
responsável por uma situação dessas.
3 – Tosse que não para. Existem duas situações que podem acontecer
quando há tosse: a criança tem tosse, mas demora um bom tempo para tossir
novamente. Ou a criança tosse sem parar. Quando a tosse vem em crises, mas
leva bastante tempo entre elas, na grande maioria das vezes, é uma tosse
decorrente de secreções que descem da via aérea superior, como nos
resfriados ou nas sinusites, por exemplo. Isto não quer dizer que não se deva
dar atenção para o quadro infeccioso, mas não costuma ser uma situação
urgente. Porém, quando uma criança tosse sem parar, muitas vezes a noite
inteira, ou apresenta algum grau de dificuldade respiratória, mesmo que
mínimo, ela deve ter atendimento o mais rápido possível. Tosses que não
param têm grande chance de ser decorrentes de processos pulmonares, como
pneumonias ou broncoespasmos, que podem evoluir para quadros graves que
colocam a criança em risco.
Se você estiver em dúvida diante de uma doença com sua criança, o melhor é
perguntar ao seu pediatra. Muitas vezes é melhor levar a criança à escola após
um pouquinho de tempo a mais para a recuperação. É mais seguro para ela
mesma e para os outros que convivem com ela.
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