Sempre me interessei por línguas e desde adolescente dediquei meu tempo para estudá-las, via escolas de idiomas e mais recentemente por apps, sites e contatos com estrangeiros. Fico fascinada em poder entender o que os outros falam e não gosto quando não consigo interagir com falantes de outros idiomas que não o inglês e espanhol, que eu domino bem.
Assim, quando meus filhos nasceram, decidi que eles tinham que ser bilíngues, que não era uma opção. Após ter trabalhado em escolas bilíngues e internacionais por muitos anos, já sabia que não queria deixar isso prá depois: eu via na prática, com os meus alunos, que é muito mais fácil para crianças aprenderem um idioma do que um adolescente ou adulto, pois com o passar dos anos esse processo fica bem mais sofrido…
Enfim, me comunicava com meus filhos em inglês e os matriculei na Builders com 1 ano de idade. Eles rapidamente adquiriram a língua e quando saíram de lá (naquela época não oferecíamos o Ensino Fundamental ) foram para outra escola bilíngue, onde continuaram aprimorando o inglês e até tiveram contato com o alemão.
No 7º ano do EF eles foram para uma escola brasileira regular que oferecia aulas de inglês 2 vezes por semana, onde eles quase davam aula para o professor, de tão sabidos que já eram no idioma. Mas eu sabia que tinha espaço para o aprendizado da gramática, de forma sistematizada, afinal eles possuíam fluência total e um amplo vocabulário, mas as estruturas, os nomes dos tempos verbais, isso só se aprende em curso de idiomas mesmo (ainda questiono a necessidade disso, mas enfim…).
No 8º ano nos mudamos para os EUA para um período sabático e preciso dizer que eu e meu marido “babamos” ao ver nossos meninos super fluentes, desde o primeiro dia de aulas bem integrados na escola, absorvendo 100% do conteúdo em inglês e participando de tudo como os demais “gringos”da sala. Em poucos meses, soavam como nativos, tamanha a facilidade e desenvoltura que já possuíam com a língua.
Depois que eu e meu marido voltamos para o Brasil, eles continuaram morando lá, em uma “boarding school”. Depois de quase 3 anos fora do Brasil, soam como falantes nativos em inglês e agora o foco é o espanhol, que os dois escolheram como aula optativa. De lá o rumo é um “college” americano.
Enfim, acredito que independente de qual vai ser a escolha para seus filhos, se vão frequentar escola bilíngue só na Educação Infantil, se vão continuar essa modalidade no Ensino Fundamental 1, 2, no Ensino Médio, se vão estudar em escola internacional no Brasil, se vão morar fora do país… isso não importa. O que importa é lembrar que vale muito a pena dar a eles a oportunidade de aprender uma segunda, terceira, quarta línguas. Que a vivência nesses ambientes multiculturais só acrescenta, deixando-os muito preparados para o futuro.
Ah, e que ninguém garante nada, mas que falar inglês já é mais do que meio caminho andado, isso ninguém pode negar.
Ana Paula A. Mustafá Mariutti atua na educação bilíngue desde 1986. Possui formação em Tradução/Interpretação pela Alumni, curso superior de Pedagogia, e diversos cursos relacionados à educação bilíngue e à gestão escolar no Brasil e no exterior. Participou ativamente na fundação da Oebi – Organização das Escolas Bilíngues, a qual presidiu durante 12 anos. Atuou na gestão da instituição à distância de julho 2014 a junho 2016, quando residiu nos EUA. Nesse período, aprofundou seus conhecimentos sobre a educação bilíngue oferecida em escolas públicas e particulares de educação infantil e ensino fundamental bilíngues americanas.
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